Carlos Sfeir Vottero
Earth Beings
huaca
hua-ca |
variantes: ou guaca
plural -s
Um antigo objeto sagrado andino:
a: deus, espírito.
b: qualquer objeto (ex. montanha, animal, santuário, ou artefacto) habitado por um deus ou espírito; fetiche.
c: uma ruína pré-colombiana (como túmulo ou monumento funerário).
Em Quíchua, uma língua nativa americana da América do Sul, uma huaca é um objeto que representa algo venerado, tipicamente um monumento de algum tipo. O termo huaca pode referir-se a locais naturais, tais como rochas gigantes. Alguns huacas têm sido associados a práticas de veneração e ritual.
huaco
hua-co |
variantes: ou guaco
plural -s
a: olaria, especialmente a que se encontra numa huaca ou sepulcro.
b: fenda feita na terra com uma charrua.
Huaco ou Guaco é o nome genérico dado principalmente a vasos de barro e outras obras de olaria feitas pelos povos nativos das Américas, encontradas em locais pré-colombianos como sepulcros, santuários, templos e outras ruínas antigas. Os huacos não são meros objetos de barro, mas notáveis exemplares de cerâmica ligados a usos cerimoniais, religiosos, artísticos ou estéticos em civilizações andinas centrais, pré-colombianas
Nas terras do Atacama, entre os maiores campos de lítio na terra, os solos dos vales drenados suam com minerais. À luz aguda dos sóis do Sul, os cristais brilham. Uma inundação recente, de chuva inesperada, lavou as montanhas e invadiu o deserto com um denso rio de lama. Desde o céu até aos picos sagrados – Huacas –, descendo colinas salgadas, o fluxo infundiu toda a paisagem, desvendando mundos distantes diante dos nossos olhos. Escondidos entre as lamas agora secas, apareceram restos de antigos vasos funerários – Huacos –, também transportados pela inundação. Por vezes, só após tais eventos perturbadores é que os humanos se lembram de que são unos com a Natureza. Apenas quando os membros desenraizados da terra se misturam com as relíquias sagradas dos povos que a habitam, podem ver a sua frágil interligação: são ambos Huacas e Huacos, ou como diz Marisol de la Cadena, “Seres da Terra” (Earth Beings).

A prática de Carlos Sfeir é inspirada pelos seus interesses em magia, ciência, território e culturas. Sfeir procura criar novas pontes entre a perceção humana e os fenómenos naturais. Acredita que a arte é um instrumento para questionar as nossas certezas, descobrir novos significados da natureza e descolonizar-nos dos preconceitos desatualizados. O trabalho de Sfeir vai da escultura à pintura e instalações, e é marcado por um diálogo contínuo entre a memória e a experimentação. Os dados, objetos e fenómenos observados na pesquisa de campo, que constitui a base de todo o seu trabalho, são constantemente recriados, entrelaçados e desafiados na subsequente manipulação em estúdio. Não limitados pelo impulso de completitude que muitas vezes impulsiona o ato artístico, os trabalhos de Carlos Sfeir são protótipos relativamente interativos. Sem finitude, mas vivos e imperfeitos, convidam as pessoas a serem cúmplices em processos de resultados incertos, abraçando o inesperado em vez de o temerem.
