Da arte
e tecnologia
12—22.05.2022
Braga, Portugal
14.05.2022
Sábado
17:30

André Barata

Modos de Superficializar

Museu D. Diogo de Sousa

Moderação por Liliana Coutinho
Conversa em Português

A bidimensionalização das coisas com que lidamos quotidianamente, comprimindo-lhes a espessura até a uma condição residual, é uma expressão de desmaterialização. Contudo, a esta superficialização da realidade que despreza a matéria de que as coisas são feitas, opõe-se outra forma de superficialização. Por exemplo, em vez da superfície “clean” que repele qualquer substância que lhe pudesse aderir, idealmente até as impressões digitais que deixamos como rasto ao digitá-las, a superfície que irradia, sensível,que suja se tocada, e as superfícies ampliadas na forma de fractais. Entre uma superfície sinónima de bidimensionalidade e uma superfície sinónima de dimensionalidade que não para de se ramificar jogam-se desafios ecológicos, estéticos, metafísicos. E é esta oposição tensa entre formas de superficializar que nos propomos aflorar

André Barata nasceu em Faro em 1972. Doutorou-se em Filosofia Contemporânea na Universidade de Lisboa. É desde 2002 professor na Universidade da Beira Interior, onde dirige atualmente a Faculdade de Artes e Letras. Também preside à Sociedade Portuguesa de Filosofia. Os seus interesses académicos circulam pela filosofia social e política e pelo pensamento fenomenológico e existencial. Tem livros de ensaio, como “Metáforas da Consciência” (Campo das Letras, 2000), sobre o pensamento de Jean-Paul Sartre, “Mente e Consciência” (Phainomenon, 2009), conjunto de ensaios sobre filosofia da mente e fenomenologia, “Primeiras Vontades –sobre a liberdade política em tempos árduos” (Documenta, 2012). Mais recentemente publicou uma trilogia -“E se parássemos de sobreviver –Pequeno livro para pensar e agir contra a ditadura do tempo” (Documenta, 2018); “O Desligamento do mundo e a questão do humano” (Documenta, 2020) e, acabado de publicar, “Para viver em qualquer mundo -Nós, os lugares e as coisas”. Assina regularmente no Jornal Económico a coluna “Pensar devagar”.
André Barata